segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Marxismo para os 99% em Nova York

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Categoria: Resenhas
Publicado em Segunda, 14 Setembro 2015 10:19
140915 forwardEstados Unidos - Forum ZN - O distrito do Partido Comunista de Nova York realizou uma série de 4 aulas em maio e junho intitulada "Marxismo para os 99%."

As aulas foram destinadas a novos membros e outros interessados em uma introdução básica ao marxismo.
 "Os membros do clube convidou amigos e contatos", disse Estevan Nembhard-Bassett, NY organizador PC. Para divulgar o evento nós convidamos pessoas em nossas listas de discussão. Nós também anunciado o evento na página do Facebook amigos deixando o partido que viveram em NY saber sobre a escola. "
Um total de 30 pessoas participaram do curso de quatro semanas igualmente membros do Partido Comunista e amigos interessados, todos de diversas idades e origens. Nembhard-Bassett indicou cinco novas pessoas vieram dos esforços on-line. Mais de 30 manifestaram interesse na escola na página do evento no Facebook. As aulas também foram transmitidas online.
Cada uma das classes foi conduzida por um membro do comitê estadual do partido. Discussões animadas foram realizadas em cada classe. Os participantes tiveram a oportunidade de ler o Manifesto Comunista, A via para o socialismo, O capitalismo pode durar? por Danny Rubin, e Introdução a Marx, Engels, e Marxismo por Lenin. As pessoas que participaram apreciaram deliciosos jantares comunitários antes de cada classe preparados e trazidos de casa por muitos participantes.
A primeira turma foi ensinada por Danny Rubin, no qual ele descreveu como o marxismo mostra por que o capitalismo produz pobreza, a exploração, o racismo, a reação e a guerra, e como o socialismo estabelecerá as bases para acabar com esses males e levar a paz, igualdade, democracia e comum prosperidade.
Estevan Nembhard ensinou a segunda sessão explicando porque o capitalismo sempre se esforça ao máximo lucro em detrimento da classe trabalhadora e resulta na luta de classes. Ele explicou a teoria da mais-valia e materialismo histórico.
Tina Nannarone ensinou a terceira classe sobre as estratégias marxista e táticas. O grupo discutiu exemplos de estratégias que foram bem sucedidas e estratégias que falharam. Os alunos discutiram qual análise é necessária para planejar estratégias bem sucedidas. Nannarone discutiu a metodologia marxista e por que o seu uso é necessário para alcançar o socialismo.
A classe final foi ensinado por Jarvis Tyner com o título "Socialismo Para Vencer." Ele examinou o que será preciso para atingir o socialismo, qual o papel que o movimento operário deve desempenhar e por que um movimento democrático forte liderado pela classe trabalhadora é necessário.
Mais aulas serão realizadas no futuro. Se manifestou grande interesse em NY em aulas sobre os temas: Por que o socialismo responde às necessidades dos 99%; O marxismo como guia para ganhar uma igualdade plena e derrota o racismo; O marxismo como guia para construir o trabalho e a luta por empregos e salários mais altos; O que o marxismo significa para os direitos das mulheres e outros.
http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/401-resenhas/57802-marxismo-para-os-99-em-nova-york.html

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Escolas Estaduais: calamidade pública em Parauapebas

      A situação das escolas públicas estaduais no município de Parauapebas não está diferente do restante do Estado: escolas caindo aos pedaços: ventiladores que não funcionam, fiação elétrica exposta, infiltração e rachaduras, prédios transformados em ‘‘anexos’’ que mais parecem aqueles fornos de calor dos campos de concentração do regime nazista, falta de materiais para expediente, máquinas copiadoras e tonners para impressão até mesmo de declarações escolares e certificados, falta de professores no quadro funcional da escola, auxiliares de serviços gerais, vigias e por aí vai. A lista completa não caberia nesta edição!




Enquanto isso, o governo, com muita intransigência e má vontade política e social, dá as costas ao povo paraense servindo ao grande capital estrangeiro, promovendo um grande retrocesso da Educação Pública de Qualidade: não investe em infra-estrutura, não reforma o ‘‘velho’’ e retira direitos dos trabalhadores em educação.
Precisamos nos politizar mais e lutar pelos nossos direitos.
Prof. Fábio Alves, atua na docência paraense desde 2009 na rede estadual e municipal de educação.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A EDUCAÇÃO EM NÚMEROS


Alguns dados importantes sobre a educação pública no Brasil.

GERAL

  • 46 milhões de alunos 
  • Aproximadamente 2 milhões de educadores

ACESSO

  • 86% das matrículas da educação básica concentram-se em escolas públicas.
  • O censo demográfico do IBGE (2010) revelou que 49,3% dos brasileiros com 25 anos ou mais não concluíram o ensino fundamental. No campo, esse percentual é de 79,6%.
  • 9,6% da população brasileira é analfabeta literal e 25% é analfabeta funcional.
  • Apenas 11,3% dos brasileiros têm curso superior completo . No Nordeste, o percentual é de 7,1%.
  • Segundo o Censo de 2010, no grupo de pessoas de 15 a 24 anos que frequentava o nível superior, 31,1% dos estudantes eram brancos, enquanto apenas 12,8% eram negros e 13,4% pardos.

REMUNERAÇÃO

  • Em um estudo do Banco UBS em 2011, economistas constataram que um professor do ensino fundamental em São Paulo ganha, em média, US$ 10,6 mil por ano. O valor é apenas 10% do que ganha um professor nesta mesma fase na Suíça, onde o salário médio dessa categoria em Zurique seria de US$ 104,6 mil por ano.
  • Em uma lista de 73 cidades, apenas 17 registraram salários inferiores aos de São Paulo, entre elas Nairobi, Lima, Mumbai e Cairo. Em praticamente toda a Europa, nos Estados Unidos e no Japão, os salários são pelo menos cinco vezes superiores ao de um professor do ensino fundamental em São Paulo.
  • De acordo com a PNAD/IBGE-2009, que serviu de base para o projeto de plano nacional de educação, a remuneração média dos profissionais do magistério na educação básica equivale a 40% da dos demais profissionais com mesmo nível de escolaridade no país.
  • Em uma comparação com a renda média nacional, os salários dos professores do ensino fundamental também estão abaixo da média do País. De acordo com o Banco Mundial, o PIB per capita nacional chegou em 2011 a US$ 11,6 mil por ano.
  • O valor é US$ 1 mil a mais que a renda de um professor, segundo os dados do UBS. Já a OCDE ressalta que professores do ensino fundamental em países desenvolvidos recebem por ano uma renda 17% superior ao salário médio de seus países, como forma de incentivar a profissão.

INVESTIMENTO

  • Estudo do Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA): para cada real investido na educação, a taxa de retorno é de R$ 1,80, ou seja, quase o dobro!
  • Cada R$ 1,00 gasto em educação, R$ 0,20 provém da União, R$ 0,41 dos Estados e R$ 0,39 dos Municípios, numa relação inversamente proporcional entre a receita de impostos e o atendimento das matrículas (a União arrecada 57% dos tributos, os estados 25% e os municípios 18%).

INFRAESTRUTURA

  • Segundo a CGU, dos 56 mil laboratórios de informática que deveriam ser entregues entre 2007 e 2010 nas escolas de todo país, pouco mais de 12 mil não foram instalados.
  • O Brasil precisa construir 130 mil bibliotecas até 2020 para cumprir a Lei 12.244, que estabelece a existência de um acervo de pelo menos um livro por aluno em cada instituição de ensino do País, tanto de redes públicas como privadas. Hoje, na rede pública, apenas 27,5% das escolas têm biblioteca.
  • 82% das escolas de ensino profissional e 52% das de ensino médio construídas após 2008 possuem biblioteca, apenas 10% das de ensino infantil têm o espaço.

DÉFICIT

  • Estimativa da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação aponta déficit de cerca de 300 mil professores no país — nas redes estaduais e municipais —, número que corresponde a 15% do total de educadores em salas de aula (2 milhões). (2011).

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Niemeyer merece uma justa homenagem

Domingo, 09 Dezembro 2012 20:04 |  |

http://cclcp.org/index.php/inicio-cclcp/organizacao/202-niemeyer-merece-uma-justa-homenagem


Muitos dos que costumavam detratar Niemeyer aproveitaram os últimos dias
para "esquecer" as críticas e bajulá-lo, aliviados com a sua morte. Muitos
o fizeram buscando mostrar dele uma figura ambígua e contraditória, que só
falava de comunismo da boca pra fora, mas que gostava mesmo é de projetar
grandes centros de poder para o Estado burguês. Por outro lado, muitos que
costumavam esquecê-lo, fizeram o caminho inverso, buscando, nos últimos
dias, atacá-lo.

O inegável em tudo isso é que não se tratava de uma figura inofensiva.
Embora com uma idade já bem avançada, sua insistência em defender o
comunismo jamais foi aceita pela elite autocrática deste país, incapaz até
mesmo de aceitar que um dos melhores filhos de sua pátria, um artista sem
par – cheio de pequenos defeitos como qualquer ser humano –, possa ter
ideias próprias e defendê-las "a muerte", como se diz em Cuba.

A figura de Niemeyer velhinho acabou se tornando útil para a grande mídia,
que aproveitou para associar suas convicções à sua idade, querendo dizer
que aquilo é coisa do passado. O que não imaginam é o quanto Niemeyer foi
capaz de irradiar seu ideário, e o quanto o fato de ele ter se mantido
comunista até o fim segue empolgando jovens do Brasil inteiro, admiradores
de suas obras e de seu caráter, sejam eles ligados ou não à arquitetura.
Aliás, em matéria de arquitetos, no Brasil, quase todos os mais
importantes foram ou são comunistas: Lelé, Artigas, Lina Bo Bardi, Sérgio
Ferro e tantos outros, muitos deles dizem abertamente que devem suas
convicções em grande medida à Niemeyer. É o caso de Lelé, agora talvez o
arquiteto brasileiro vivo mais importante e admirado pelos jovens
interessados pelo tema¹.

Niemeyer foi uma figura que jamais o povo brasileiro apagará de sua
memória. Arquiteto genial, já em 1936 impressionou todo o mundo com seus
esboços para o Ministério da Educação no centro do Rio de Janeiro. Hoje o
prédio está lá, com os azulejos de Portinari (companheiro de ideologia e
de arte de Niemeyer), e segue encantando milhares. Formado na Escola
Nacional de Belas Artes, via na arquitetura uma expressão artística, mas,
devido a forte contradição com os limites que o capitalismo impõe à
arquitetura – causa principal das contradições da construção de seus
edifícios em Brasília –, não se contentava com aquilo. Por mais
encantadora que possa ser sua arte, sua humildade não o permitia admitir
mais do que a afirmação de que no "dia em que a vida for mais humana, mais
solidária, aí sim os prédios vão ter um feitio diferente".

Participou como militante do PCB de lutas no movimento de massas. Como
professor da UnB esteve presente nas lutas da década de 60 pela
democratização e popularização da universidade brasileira, razão também
pela qual seria cassado e exilado, junto com o título de comunista. Foi
também amigo pessoal e colaborador de Luiz Carlos Prestes. Com
desprendimento louvável, quando Prestes voltava do exílio cedeu um
escritório para que servisse de espaço para os trabalhos do líder
comunista. Ainda como militante do PCB, Niemeyer lutou na década de 80
contra a degeneração política e ideológica do seu Partido.

Niemeyer lutou até o fim. Exatamente como um guerreiro que morre no campo
de batalhas: se, mesmo vivendo 105 anos (completaria 105 dentro de 10
dias), não pôde vivenciar no Brasil uma luta revolucionária que fosse às
últimas consequências, guerreou no campo de batalha ideológico
incansavelmente. É certo que a homenagem mais justa que podemos fazer a
essa grandiosa figura humana é a de nos comprometermos intransigentemente
com a luta e a vitória popular. Niemeyer nos deixou a prova de que os
sonhos não envelhecem. Com mais de um século de vida, era o mais jovem dos
brasileiros.

Camarada Niemeyer, presente!



Corrente Comunista Luiz Carlos Prestes (CCLCP)

Juventude Comunista Avançando (JCA)

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Democracia de verdade na América Latina

Venezuela: Socialismo triunfa e enche América Latina de esperança

Com 54,42% dos votos, o presidente Hugo Chávez Frías foi reeleito na Venezuela e governará o país no período de 2013 a 2019. Há 14 anos no poder, este será o seu terceiro mandato. O candidato da oposição, Henrique Capriles, obteve 44,97% e ganhou em apenas quatro dos 24 estados que compõem a Venezuela. Em uma verdadeira festa cívica, 81% dos venezuelanos compareceram às urnas, mesmo o voto não sendo obrigatório no país. 

Apesar da expectativa de que o candidato da oposição pudesse não reconhecer o resultado revelado pelas urnas, Capriles admitiu sua derrota e rejeitou a ação de setores radicais. O candidato fez também um chamado para que "nosso povo não se sinta perdedor. Quem foi derrotado fui eu”, afirmou. E agradeceu aos mais de seis milhões de venezuelanos que votaram nele.
Diante de dezenas de milhares de manifestantes que tomaram a frente e as imediações do Palácio de Miraflores na noite de domingo (7), o presidente Hugo Chávez agradeceu aos mais de oito milhões de venezuelanos que lhe garantiram um novo mandato.
Acompanhado pela família e por lideranças no balcão presidencial, o líder bolivariano agradeceu à multidão e ressaltou que o povo "votou pela revolução, pelo socialismo e pela grandeza da Venezuela”. 

Leia mais em: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=195787&id_secao=7 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O Brasil vai eleger 68.544 vereadores em outubro. Para quê? Para nada, é claro.



Carlos Newton
Tribuna da Imprensa Online
São quase 69 mil vereadores, espalhados pelos 5.568 municípios. Mas o que faz um vereador. Na verdade, praticamente nada. Sua tarefa principal é fiscalizar as prefeituras municipais, mas isso os vereadores nunca fazem, esta é a realidade, não se consegue modificá-la. A outra atividade dos chamados edis é criar leis restritas às cidades. Mas acontece que essas leis já existem. E a principal legislação do município, que é o chamado Plano Diretor de Ocupação Urbana da cidade, também já existe.
Trocando em miúdos, caberia ao vereador somente fiscalizar com o máximo rigor a aplicação dos recursos públicos pela prefeitura, o que ele decididamente não faz. Quase sempre, a primeira iniciativa do vereador é se acertar com o prefeito, se é que vocês me entendem, como dizia meu genial amigo Maneco Muller, criador da crônica social no Brasil.
As prefeituras cooptam os vereadores de duas formas: por meio da distribuição de cargos na administração local e do uso do dinheiro público. E tudo segue normalmente, devido à falta de cultura política do eleitorado, que não acompanha o trabalho dos vereadores depois de empossados.
“A função das câmaras de Vereadores foi esvaziada. Os vereadores não cumprem seu papel, não fiscalizam. Quem legisla, de fato, é o Executivo. As prefeituras não têm importância nenhuma para o eleitor”, critica Cláudio Abramo, do site Transparência Brasil, em entrevista à Agência Brasil.
O cientista político Fábio Wanderley dos Reis, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais tende a concordar com Abramo. “Não tem nada que aconteça de relevante nas câmaras de Vereadores. O poder foi posto de lado e depois jogado fora”, disse Wanderley, ao comentar que vereadores “se ocupam mais em mudar nome de rua” ou escolher pessoas para prestar homenagem em sessões especiais.

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MAS QUANTO CUSTA?
Cada brasileiro tem de desembolsar, por ano, uma quantia considerável para sustentar os vereadores. De acordo com o site Transparência Brasil, o custo de funcionamento do Poder Legislativo no Brasil (Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal) é, em média, R$ 115,27 por ano para cada um dos brasileiros que moram nas capitais. O valor varia de cidade em cidade.
No Rio de Janeiro, por exemplo, a Câmara de Vereadores tem um número tal de funcionários que não cabem no prédio. Se todos fossem trabalhar ao mesmo tempo, o edifício poderia desabar por excesso de peso. O mesmo fenômeno ocorre na grande maioria das cidades.
“A Câmara de Vereadores mais cara por habitante é a de Palmas, capital do Tocantins, que custa anualmente R$ 83,10 para cada morador da cidade. A mais barata é a da capital paraense, Belém, com R$ 21,09 por ano”, descreve o site, que traz informações importantes, desconhecidas pelos eleitores, que precisam aprender a valorizar o voto. Caso contrário, para que manter as Câmara de Vereadores. Sinceramente.

Texto extraído de:
http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=c63a5650dcd0bf04b35bd712466010bc&cod=10032

terça-feira, 29 de maio de 2012

Capitalismo é incompatível com justiça e igualdade social


Um por um, os direitos que os trabalhadores europeus conquistaram com décadas e mesmo séculos de luta, estão sendo abolidos na Europa. Bastou mais uma profunda crise econômica do capitalismo para que os governos europeus completassem a destruição do Estado do bem-estar social e provassem que o lucro não rima com justiça social ou que é impossível haver igualdade enquanto existir a propriedade privada dos meios de produção.
Durante décadas, o Estado do bem-estar social (Welfare State, em inglês) foi apresentado pelos partidos burgueses, entre eles os partidos social-democratas, como prova de que a propriedade privada dos meios de produção e o lucro podem conviver com o respeito aos direitos trabalhistas e à garantia de padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade social. Mas, como a mentira tem pernas curtas, bastou uma profunda crise econômica do capitalismo para que os governos europeus completassem a demolição do Estado do bem-estar social, obra iniciada nos anos 70 e aprofundada com a política econômica neoliberal, caracterizada por ataques sistemáticos aos direitos dos trabalhadores e ampla liberdade de exploração para o capital na década de 80.
Agora, os que prometiam alcançar a igualdade social no capitalismo fazem discursos e publicam artigos nos seus jornais apontando os gastos sociais dos governos como o responsável pela crise, confirmando assim, a incompatibilidade entre os interesses da classe capitalista de obter lucros cada vez maiores e os dos trabalhadores e da imensa maioria da sociedade de ter uma vida digna.
Na verdade, o chamado Estado do bem-estar social foi uma tentativa de deter na Europa o vigoroso crescimento do movimento operário após a Segunda Guerra Mundial e de enganar as massas de que era possível obter direitos sociais sem precisar fazer uma revolução. Entretanto, como provam as greves gerais e manifestações que sacodem o continente, tal intento foi em vão.
Austeridade só para os trabalhadores
O fato é que um por um os direitos que os trabalhadores europeus conquistaram com décadas e mesmo séculos de luta estão sendo abolidos com reformas trabalhistas que os governos a mando da União Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional estão implementando. O objetivo é permitir que os capitalistas demitam sem pagar nenhum direito ao trabalhador, aumentem a jornada de trabalho e tornem letra morta os contratos coletivos de trabalho, em resumo, pagar um salário menor pela força de trabalho explorada.
Com efeito, a Grécia, para receber um empréstimo do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do BCE, foi obrigada a adotar medidas anti-povo como a redução em 22% do salário mínimo, demissão de 150 mil servidores públicos e privatização de empresas públicas. Em Portugal, o governo do conservador Pedro Passos Coelho (PSD), também em troca de um empréstimo do BCE, implementa a mesma política: diversas empresas estatais foram privatizadas, os salários dos aposentados foram reduzidos e a Saúde e a Educação públicas estão sendo sucateadas.
Na Itália, o Governo de Mario Monti, um técnico nomeado pelo Banco Central, adota uma reforma trabalhista que além de eliminar vários direitos trabalhistas, cobra mais impostos dos trabalhadores autônomos e quer o fim da indenização quando da demissão do trabalhador.
Na Espanha, o governo segue a mesma receita e impõe uma reforma para flexibilizar os contratos de trabalho e retirar vários direitos.
Na Holanda, uma das principais economias da Europa, o governo também pretende reduzir os salários dos aposentados, mas não os lucros dos seus bancos e monopólios. Até na Alemanha, um dos poucos países europeus que não está em recessão, as vagas de trabalho oferecidas são em sua maioria em tempo parcial, mal pagas e sem direitos a benefícios sociais.
O resultado desses planos de austeridade são devastadores para a sociedade e, em particular, para a juventude.
Dados divulgados em abril pela União Europeia revelaram que a taxa de desemprego entre os jovens de 15 a 24 anos passa dos 50% na Espanha e na Grécia. Na França, o desemprego entre os jovens é de 21% e em Portugal, 30,8% dos jovens com menos de 25 anos estão desempregados. Na Bulgária, Eslováquia, Irlanda e Itália, o desemprego está acima de 30%.
Vale resaltar que essas taxas oficiais levam em consideração apenas os trabalhadores que procuraram emprego nas quatro semanas anteriores à pesquisa ser realizada. Ou seja, os jovens que desistiram de procurar trabalho, os que estudam em tempo integral ou vivem com os pais são considerados empregados, bem como os que têm emprego temporário ou estágio.
Esse enorme desemprego entre os jovens forma o que alguns economistas chamam de “geração perdida”, isto é, milhões de jovens que depois de formados não conseguem emprego, ficam desatualizados e tornam-se supérfluos para os capitalistas, os donos dos meios de produção. Ou seja, passam a viver de trabalho temporário ou se entregam à criminalidade, atividade que mais cresce junto com o tráfico de drogas e de pessoas no capitalismo do século XXI. Enfim, ficam desempregados para o resto de suas vidas. Ocorre o que já advertia Karl Marx e Frederic Engels no Manifesto do Partido Comunista, de 1848, “a burguesia é incapaz de assegurar ao seu escravo (trabalhador assalariado) a própria existência no quadro da escravidão”.
FMI exige mais arrocho
Não bastasse, a última reunião do Conselho do Fundo Monetário Internacional (FMI), realizada em 22 de abril, em Washington, EUA, aprovou comunicado exigindo que os governos da Zona do Euro adotem medidas drásticas para “acalmar os mercados e evitar que a situação se agrave”. Wolfgang Schaeuble, ministro das Finanças da Alemanha, assim justificou essas novas medidas: “Os países europeus com crises financeiras adotaram reformas de profundo calado. Isso inclui os mercados trabalhistas, os sistemas de seguridade social, administrações públicas e instituições financeiras. É a única forma que poderemos restaurar a confiança dos nossos cidadãos e investidores”. Leia por cidadãos, os banqueiros.
Essa política da chamada troica FMI-BCE-CE (Comissão Europeia) leva o povo a pagar duas vezes por um serviço: primeiro, o verdadeiro cidadão paga um imposto ao Estado para que esse Estado garanta seus direitos. Porém, como o dinheiro do imposto pago é transferido para os bancos e grandes corporações, o povo fica sem nenhuma assistência e passa a ser obrigado a pagar por saúde, educação, habitação, etc.
Em decorrência dessa espoliação, o número de famílias europeias sem abrigo e que recorre às instituições humanitárias para sobreviver, aumentou imensamente e milhares de estudantes de escolas particulares abandonaram os estudos por falta de pagamento das mensalidades.
Segundo documento do Eurostat, mais de 115 milhões de pessoas, ou seja cerca de 23.4% da população nos 27 Estados membros da União Europeia, encontram-se em risco de pobreza e exclusão social. Entre crianças e menores de 18 anos este número é ainda maior: 27%.
Na Espanha, desde o início do ano, milhares de famílias não conseguem pagar as prestações de suas casas e centenas de empresas não pagam os empréstimos feitos. De acordo com o Banco Central espanhol, os bancos privados do país têm 176 bilhões de euros em ativos imobiliários que não serão pagos por falência dos devedores. Portanto, outra consequência dessas medidas é a proletarização dos pequenos e médios empresários. De acordo, com a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), todo mês centenas de empresas fecham as portas no país. As causas, segundo a Confederação, são a queda do consumo das famílias e o aumento dos impostos.
Na realidade, todos os países que têm seguido a receita do FMI e da Comissão Europeia, isto é, a receita de tudo realizar para manter intocável o lucro da classe capitalista, tiveram um aprofundamento da recessão.
A Grécia, país que está em recessão há cinco anos, teve nesse primeiro semestre de 2012, uma queda de 7% no PIB em comparação com o ano passado. Não bastasse, a dívida grega, apesar de todos os pagamentos bilionários que o país fez, passou de 263 bilhões de euros em 2008 para 355 bilhões em 2012. Portugal, segundo o boletim do Banco Central do país, viu sua atividade econômica recuar 2,7% e o consumo terá uma queda de 7,5% até 2013. O Reino Unido, mesmo mantendo sua moeda, vive em recessão e tem os piores índices sociais de sua história. Na Espanha, 5,6 milhões de pessoas estão desempregadas.
Tal é o verdadeiro Estado de bem-estar social que o capitalismo é capaz de oferecer à juventude e ao povo.
Quem paga a conta?
Por outro lado, ao mesmo tempo em que aperta o cinto dos trabalhadores, os governos seguem drenando o dinheiro público para alimentar a vampiragem da moderna classe capitalista, o capital financeiro.
O FMI anunciou em abril mais US$ 430 bilhões para financiar os bancos e monopólios europeus em crise. Esses 430 bilhões sairão evidentemente dos governos e, consequentemente, dos povos que pagam impostos. Os EUA não se comprometeram com nenhum centavo, mas o Fundo quer que o Brasil entre com 10 bilhões de euros. Em 2009, o Brasil tirou da Saúde e da Educação do nosso povo US$ 10 bilhões que enviou generosamente para a Europa. A crise se aprofundou e, agora, querem mais dinheiro do nosso país, na base do “Deus lhe pague!”.
No total, do final do ano passado até abril de 2012, foram quase 1,5 trilhão de euros para financiar a banca.
Mas isso não é nada. De acordo com o FMI, a conta do total de crédito que os governos terão que garantir para evitar a falência do sistema financeiro na Europa pode ultrapassar a US$ 2,6 trilhões até 2013. Uma cifra espantosa, mas ainda menor que a que foi utilizada pelo governo dos Estados Unidos para salvar sua classe capitalista: 16 trilhões de dólares.
De onde vem esse dinheiro, senão dos impostos pagos pelos trabalhadores?
Vejamos o exemplo da Grécia. O governo deste país em troca das medidas draconianas contra seu povo recebeu um empréstimo de 130 bilhões de euros. No entanto, esses 130 bilhões ficaram sob controle do FMI para assegurar que serão gastos exclusivamente com o pagamento da dívida da Grécia. A Espanha, no mesmo dia que doou 66 bilhões de euros para o Fundo, adotou um ajuste fiscal no valor de 27 bilhões de euros, composto por aumento dos impostos e cortes nos gastos sociais.
A justificativa para essa política é sempre obter a confiança do chamado “mercado”, isto é, do capital financeiro que, como definiu Lênin, significa a fusão do capital bancário com o capital industrial, e não simplesmente, como apresenta a moderna socialdemocracia, o capital bancário.
Em resumo, os governos capitalistas fazem opção em favor do capital em vez do emprego, da salvação de bancos e monopólios em vez da Saúde e da Educação e do bem-estar do povo.
Fica, portanto, evidente, a total impossibilidade de se alcançar a igualdade social, o fim do desemprego e da pobreza enquanto o controle da economia estiver nas mãos de um punhado de ricos. Provas: 1 bilhão de pessoas famintas, quase 300 milhões de desempregados, as guerras constantes e o empobrecimento da população, enquanto, um reduzido grupo de pessoas que forma a classe rica vive na fartura e no esbanjamento.
A repressão ao movimento operário e popular
Mas, por que as centenas de greves e de manifestações ocorridas até agora no continente europeu e que conseguiram derrubar 10 governos (Grécia, Portugal, Irlanda, Eslováquia, Romênia, Itália, Reino Unido, Espanha, Grécia, Islândia e, agora, da Holanda), alguns da socialdemocracia, outros da direita, não tiveram força para estabelecer governos revolucionários ou comprometidos com os trabalhadores?
Um dos obstáculos ao desenvolvimento e avanço da luta revolucionária é, sem dúvida, a brutal repressão desencadeada pelos governos burgueses e seus aparelhos de repressão.
Na última greve geral realizada na Espanha, que teve cerca de 100 manifestações contra a reforma trabalhista, mais de 500 pessoas foram presas por participar dos protestos. Na Grécia, antes de cada greve geral várias prisões são realizadas e nos dois últimos anos o número de presos políticos aumentou vertiginosamente. Pior, devido a uma nova lei penitenciária, um preso político para ser libertado é obrigado a pagar 10.000 euros, o equivalente a R$ 25.000. Logo, se o preso for um desempregado a pena se transforma em prisão perpétua. Essa, aliás, é uma política globalizada pela burguesia. No Equador, o estudante Marcelo Rivera, ex-presidente da Federação dos Estudantes Universitários (FEUE) encontra-se preso há 30meses e após cumprir a pena terá que pagar uma multa de mais de R$ 500 mil reais para sair da cadeia. Nos EUA, em um protesto do movimento Occupy Wall Street no início do ano contra a dívida dos financiamentos estudantis nos Estados Unidos, centenas de estudantes foram detidos pela Polícia de Nova York. As cidades de Oakland, Nova York e Los Angeles foram as que mais registraram os maiores protestos na linha “Ocupe” e, também, as que mais registraram prisões. Em comunicado, a polícia afirmou que os protestos diminuíram depois que os governos destas cidades usaram de força para retirar centenas de manifestantes acampados em ruas destas cidades. Ainda nos EUA, a lei, que criminaliza os protestos estabelece que qualquer pessoa que “entre ou permaneça em qualquer edifício ou terreno (de acesso) restringido sem a autoridade legal para fazê-lo, será castigada com uma multa ou o encarceramento por 10 anos, ou ambos”.
Na França, durante as últimas jornadas nacionais de greves e protestos contra a reforma previdenciária, segundo o Ministério do Interior, duas mil pessoas foram presas, e nos confrontos com a polícia, vários jovens foram assassinados.
Tem mais: O Governo espanhol decidiu adotar mais sanções para quem convocar manifestações pela internet e fizer frente à polícia. O anúncio foi feito pelo ministro do Interior, Jorge Fernández Díaz, que disse no Parlamento ter a intenção de impor uma pena mínima de dois anos de prisão para quem convoque “tumultos”. “Há que robustecer a autoridade legítima de quem legitimamente tem a exclusividade de poder atuar através da força”, disse o ministro do Interior. As medidas do Governo espanhol surgem na sequência de vários protestos e manifestações que têm acontecido por todo o país desde o início da crise.
A importância da repressão para manter o sistema capitalista é tão grande que entre as exigências feitas à Grécia pela União Europeia está a de o país não realizar cortes das verbas para a Defesa, de forma a garantir a repressão aos movimentos populares e às greves e a compra de armas da França e da Alemanha.
Este é também o motivo para, mesmo com os países mergulhados numa profunda recessão, o comércio mundial de armas convencionais ter crescido 24% no período 2006-2010. De acordo com o estudo do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (Sipri), em 2010, foi gasto em armas um total de 1,6 trilhão de dólares, dinheiro esse que seria suficiente manter 212 milhões de crianças dignamente.
Mas há ainda outra condição que impede que a revolução triunfe de imediato. Trata-se do pequeno vínculo dos partidos revolucionários com as massas, em particular, com a classe operária. Como afirma Lênin, “A revolução proletária é impossível sem a simpatia e o apoio da imensa maioria dos trabalhadores à sua vanguarda: o proletariado. Mas esta simpatia e este apoio não se obtêm subitamente, não se decidem em votações, mas se conquistam em uma demorada e difícil luta de classes”. (Saudação aos comunistas italianos, franceses e alemães).
De fato, para realizar uma revolução é necessário que a maioria dos operários não só compreenda a necessidade da revolução, mas esteja disposta a se sacrificar por ela. Entretanto, só é possível desenvolver essa consciência revolucionária se as concepções dos partidos social-democratas de humanizar o capitalismo ou, como fazem hoje alguns partidos de esquerda no Brasil, de apresentar como alternativa à crise do sistema o desenvolvimento do próprio capitalismo forem derrotadas. Propõem que o “estado de bem-estar social” deve ser o principal objetivo da luta dos trabalhadores, esquecendo que o capitalismo em sua fase final, para não dizer moribunda, é além de profundamente reacionário, incapaz de realizar algum progresso definitivo para a sociedade. Com esse discurso, propagam ilusões nas massas e as afastam da revolução. Mas aqui também, como revela a atual crise capitalista, a mentira tem pernas curtas.
Não há, portanto, porque se desesperar com tal traição. É preciso seguir em frente e trabalhar dia a dia de maneira firme e infatigável para aumentar o vínculo dos comunistas revolucionários com as massas e retomar a hegemonia no movimento operário e popular.

Lula Falcão é membro do Comitê Central do PCR




terça-feira, 13 de março de 2012

SIRIA: ATÉ ONDE O MUNDO SE DEIXARÁ ENGANAR?

O secretário-geral da ONU manifestou-se dia 3 de março, para dizer que havia recebido “notícias sombrias” de que as forças do governo sírio estariam executando arbitrariamente, prendendo e torturando pessoas em Homs, depois de terem retomado o controle, no distrito de Baba Amr. Acreditará realmente no que disse?
 
“Uma das bifurcações que definirão o futuro será o conflito entre os senhores da informação e as vítimas da informação”, escreveu o funcionário dos EUA encarregado pelo vice-chefe da inteligência de definir o futuro da guerra, no Quarterly do War College dos EUA, em 1997.
 
“... porque nós já somos os senhores da guerra de informação”
 
“Mas não temam”, escreveu adiante, no mesmo artigo, “porque nós já somos os senhores da guerra de informação (...) Hollywood está “preparando o campo de batalha” (...) A informação destrói os empregos tradicionais e as culturas tradicionais; ela seduz, trai e, mesmo assim, permanece invulnerável. Como alguém algum dia conseguiria contra-atacar a máquina de guerra da informação, que outros giram, apontam e comandam?” [1]
 
“... escrevendo os roteiros, produzindo os vídeos e recolhendo os royalties”.
 
“Nossa sofisticação no uso da máquina de guerra da informação nos capacitará a deslocar e superar todas as culturas hierárquicas (...). Sociedades que temem ou não conseguem administrar o fluxo de informação não podem, simplesmente, ser competitivas. Conseguirão dominar as tecnologias para assistir aos vídeos, mas nós estaremos escrevendo os roteiros, produzindo os vídeos e recolhendo os royalties. Nossa criatividade é devastadora.”
 
A guerra de informação não estará contida na geopolítica, o autor sugere, mas será “disseminada” – como qualquer drama de Hollywood – mediante emoções nuas. “Ódio, ciúme e ganância – emoções, mais que estratégias – definirão os termos das lutas na guerra de informação.”
 
Não só o exército dos EUA, mas ao que parece toda a grande mídia ocidental insiste em que a luta na Síria deva ser narrada em imagens emotivas e declarações moralistas que sempre – como o artigo do War College diz corretamente – triunfam sobre a análise racional. 
 
A Comissão do Conselho de Direitos Humanos da ONU condena o governo sírio por prática de crimes contra a humanidade, mas só considera o que diz a oposição, e sem nada investigar dos “crimes” da oposição: e imediatamente assesta acusações contra o governo sírio, baseando o processo em mera “suspeita razoável”. Será que acreditam no que escreveram, ou dedicam-se só a “redigir o roteiro”? [2] 
 
Já esquecida do que os Marines dos EUA fizeram a Fallujah em 2004 (6.000 mortos e 60% da cidade destruída), quando insurgentes armados também buscavam estabelecer ali um “Emirado” salafista – toda a mídia ocidental em Homs dá voz a gritos indignados de “algo tem de ser feito” para salvar o povo de Homs de “um massacre”. A questão de a que finalidade exatamente aquele “algo” – seja intervenção militar ou entregar armamento pesado aos insurgentes – deveria servir, e a que consequências pode levar, desaparece completamente de vista. Os que cometam a temeridade de se interpor no caminho dessa “narrativa”, argumentando que qualquer intervenção externa será desastrosa, são imediata e completamente condenados como cúmplices dos crimes do presidente Assad contra a humanidade.
 
O mau jornalismo do “falamos diretamente da Síria” 
 
Essa escola de jornalismo – o Guardian e Channel Four são bons exemplos dessa reportagem em tons de “falamos diretamente do local” – que dá ênfase ao repórter como participante e, de fato, também como co-sofredor entre os atacados, dos indizíveis sofrimentos emocionais da guerra, usa imagens emocionais precisamente para sublinhar aquele mesmo “algo tem de ser feito imediatamente, na Síria”. 
 
Ao reproduzir imagens de corpos mutilados e mulheres em prantos, todos dizem e determinam que o conflito tem de ser visto como evento moralmente simplíssimo – um caso de agressores e vítimas.
 
“De Baba Amr. Revoltante. Não posso entender como o mundo suporta isso. Vi um bebê morrer hoje. Estilhaços: os médicos nada puderam fazer. O peitinho subia e descia, até que parou. Senti-me impotente.” [3] 
 
Os que argumentam que qualquer interferência ocidental só exacerbará a crise, são confrontados com a irrespondível evidência de bebês mortos – literalmente. Como o artigo do War College diz tão claramente: como alguém conseguiria contra-argumentar nesse tipo de “guerra de informação” desfechada contra o governo sírio, que está no polo receptor dos que “escrevem os roteiros, produzem os vídeos e recolhem os royalties”? 
 
Eu também vi cenas terríveis no Afeganistão nos anos 1980s: claro que criam um abismo emocional pelo qual o espectador desarmado desliza; mas será que esses jornalistas e repórteres convertidos em ‘cruzados’ sabem que os inocentes e as crianças nem sempre são as únicas vítimas dos conflitos? Será que acreditam mesmo que o próprio sofrimento pessoal dos jornalistas e repórteres é tão essencialmente “correto”, “perfeito”, “ético”, que justificaria condenar ao silêncio, não comentar, fingir que não há todas as complexidades e todas as outras possibilidades e interpretações? Mas... como, afinal, mais guerra poderia, algum dia, ser resposta à terrível morte de uma criança? 
 
Esse ardor emocional reducionista do jornalismo não passa de forma clandestina de propaganda – que em nada difere de “guerreiros” da informação como AVAAZ, que ajudam a escrever e produzir muitos desses vídeos da infoguerra. [4] 
 
Apesar de ninguém endossar abertamente esse “jornalismo de imersão”, não parece haver dúvidas de que essa abordagem triunfou em inúmeras redações de jornais e televisões. E a coisa parece ainda pior que isso: cada dia mais se veem diplomatas ocidentais agindo como se fossem “ativistas” e participantes de lutas internas nos estados aos quais são mandados e dos quais fala o tal “jornalismo de imersão”. Mas... que tipo de informação, afinal, estão construindo, para começar, para seus próprios governos? 
 
Sabe-se que a oposição armada, que levou a Homs os jornalistas ocidentais – e depois insistiu em evacuá-los pela rota mais perigosa, via o Líbano, em vez de aceitar os serviços do Crescente Vermelho, decisão que custou muitas vidas – foi motivada por interesses políticos. Mas e os jornalistas? 
 
Os jornalistas terão sido motivados pelos mesmos interesses, e divulgaram e repetiram os mesmos argumentos, sem saber, sem sequer suspeitar, que os tais corredores humanitários a serem abertos até Homs, impostos do exterior, não passariam jamais de pretextos para a intervenção? Em outras palavras, os jornalistas não sabem?! 
 
Será possível que os jornalistas sequer suspeitem de que são atores, são partícipes, em outras palavras, são cúmplices, da construção de uma encenação, a favor de certo tipo de intervenção externa? Alguma solução à Kosovo fará melhorar alguma coisa na Síria? 
 
O que mais chamou a atenção em toda essa operação é que, além de essa “guerra de informação” já ter tido o efeito provável de demonizar para sempre aos olhos do ocidente o presidente Assad, teve também o efeito de “desancorar” de lá a política externa dos EUA e da União Europeia. Tudo na Síria parece passar-se como se EUA e UE não tivessem qualquer interesse na Síria. Como se estivessem absolutamente distanciadas de qualquer real conflito geoestratégico naquele país. 
 
O que, por sua vez, levou a uma situação na qual os líderes europeus e norte-americanos passaram a comportar-se como se estivessem sendo “convencidos” – por aquele “jornalismo” lá “imerso”, que só fazia “revelar” números crescentes de mortos, dia a dia – quase como se estivessem sendo praticamente “obrigados”, a “fazer alguma coisa”. Como se estivessem reagindo exclusivamente porque pressionados pelas “notícias”, ante a necessidade de reagir àquelas explosões emocionais que se repetiam incansavelmente pela imprensa contra o presidente Assad e suas “mãos sujas de sangue”. 
 
Na Síria, o ocidente já virou refém de sua própria guerra de (des)informação
 
Por tudo isso, em certo sentido, o ocidente acabou por ficar refém de sua própria guerra de (des)informação: o ocidente fechou-se, ele mesmo, numa compreensão simplória, preso a um significado “único”: uma espécie de meme simplificado de vítima-e-agressor, para o qual a única saída possível seria derrubar o agressor. 
 
A Europa, por essa via, acabou por afastar-se completamente de todas as demais opções –, precisamente porque o tema ‘humanitário’, que muitos supuseram que bastaria para facilmente derrubar Assad, impede hoje que se analisem quaisquer outras vias, dentre as quais, por exemplo (e jamais antes sequer considerada!), uma saída negociada para o impasse. 
 
Mas quem, afinal, algum dia realmente acreditou que os objetivos de EUA e europeus na Síria fossem puramente humanitários? 
 
Estaremos ante a estranha (e perigosa) situação – dado o rumo que vão tomando os eventos no Oriente Médio – de já ser quase impossível (ou, de talvez, já ser completamente impossível, porque seria insuperavelmente ridículo!), para o ocidente, admitir agora, de repente, abertamente... que a guerra de informação que o próprio criou jamais teve coisa alguma a ver com reformar ou democratizar a Síria?! Que tudo sempre visou exclusivamente à “mudança de regime” na Síria, e que esse objetivo já estava decidido desde antes de o primeiro protesto irromper em Dera'a? 
 
Em recente entrevista a Jeffrey Goldberg da revista Atlantic[5] que o presidente Obama concedeu antes do discurso que faria na reunião anual do AIPAC, Obama foi perguntado, dentre outras questões, sobre a Síria. Sua resposta foi muito clara:
 
GOLDBERG: O senhor pode falar sobre a Síria como questão estratégica? A questão humanitária, OK, também existe. Mas me parece que um modo para isolar e enfraquecer ainda mais o Irã é remover Assad, que é o único aliado árabe que restou ao Irã.
 
PRESIDENTE OBAMA: Trata-se disso, precisamente.
 
Será que algum dos militantes do intervencionismo ocidental e dos seus jornalistas propagandistas realmente acreditam que o massacre que o ocidente impôs à Síria seria efeito de luta por democracia e reformas? Se algum dia acreditaram nisso, podem esquecer. Obama já disse, claramente: na Síria, “trata-se precisamente” do Irã.
 
E, com Europa e EUA cada vez mais postos como coadjuvantes de um frenesi de que foram tomados os qataris e sauditas, para derrubar a qualquer preço outro líder árabe, será que esses jornalistas e repórteres acreditam que aquelas duas monarquias absolutas realmente partilham dos desejos do jornal Guardian ou da rede Channel Four [6] , que acalentam as mais humanitárias aspirações para o futuro da Síria? 
 
É acreditável que jornalistas e repórteres realmente creiam que os insurgentes e mercenários que os estados do Golfo estão financiando e armando seriam, realmente, bons, pacíficos e bem-intencionados reformadores, arrastados para a violência pela intransigência de Assad? É possível que um ou outro realmente acredite nessa fantasia. Mas quantos, ao “noticiar” aquelas “notícias” como as “noticiam”, só fazem, de fato, ativamente, minar cada vez mais o mesmo campo de batalha que, há tempos, estão preparando?
 

 
Notas dos tradutores
[1] Constant Conflict, “Parameters”, Summer 1997, pp. 4-14.
[3] 27/2/2012, The danger of reporters becoming ‘crusaders’” [O drama dos repórteres convertidos em “cruzados”].  
[4]  3/3/2012, ver “How AVAAZ Is Sponsoring Fake War Propaganda From Síria” [Como AVAAZ está patrocinando guerra de falsa propaganda contra a Síria].
[5]  2 /3/2012, The Atlantic em: Obama to Iran and Israel: 'As President of the United States, I Don't Bluff'” [Obama a Irã e Israel: ‘Como presidente dos EUA, não blefo’”],
[6]  5/3/2012, em: “Syria’s inconvenient thruth

Fonte: http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e&cod=9447

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

China e EUA vão cooperar para enfrentar crise global

11 de Janeiro de 2012 - 5h52 

A China e Estados Unidos anunciaram que fortalecerão sua cooperação para impulsionar a recuperação econômica global.


Para o vice-primeiro-ministro chinês,Wang Qishan, a recuperação econômica "deve continuar sendo a prioridade de todos os países enquanto a situação ainda for muito complexa e sombria". A afirmação foi feita durante encontro em Pequim com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, em visita oficial de dois dias.

Geithner se reunirá nesta quarta-feira com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, o vice-presidente Xi Jinping e o vice-primeiro-ministro Li Keqiang, antes de viajar para Tóquio a fim de prosseguir seu giro Ásia.

Segundo o secretário do Tesouro estadunidense, o desenvolvimento harmônico das relações entre EUA e China beneficia os interesses dos dois países e também é útil para a recuperação da economia mundial, informa a agência noticiosa chinesa Xinhua.

Os EUA desejam promover esforços conjuntos com a China para aumentar a comunicação e a cooperação, além de aprofundar a associação econômica integral, acrescentou.

Wang disse ao representante especial do presidente Barack Obama, que na condição de importantes membros do Grupo dos Vinte (G20, que reúne as principais economias do mundo) a China e os EUA devem se esforçar pelo êxito da cúpula de Los Cabos (México) em junho, a fim de apoiar o crescimento mundial forte, sustentável e equilibrado.

"A China deseja trabalhar com os EUA para impulsionar a cooperação em diversas áreas, incluindo economia e comércio, investimento, finanças e infraestrutura, a fim de fortalecer a economia, aumentar o número de empregos e criar mais benefícios para os povos das duas nações", disse Wang.

O vice-primeiro-ministro chinês pediu, no entanto, que os EUA relaxem o controle sobre as exportações de produtos de alta tecnologia à China e que sejam prudentes ao usar o recurso de sanções comerciais, além de assinalar que as empresas chinesas que investem nos EUA devem gozar de um tratamento justo.

Com agências

Extraído de: http://vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=2&id_noticia=172984

Música também é Educação...

Um clássico de Bob Marley....
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